DESAFIOS NO CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

Bovinos submetidos a confinamentos para engorda são expostos a alguns desafios que normalmente não são frequentes em criações extensivas. Estes desafios, quando negligenciados, podem comprometer o desempenho dos animais e o lucro do confinamento.

Diversas são as enfermidades diretamente relacionadas ao confinamento. Mas podemos destacar algumas de maior impacto, quando se manifestam: 

1 – Doenças respiratórias 

Os problemas respiratórios costumam afetar os animais no início do confinamento, mas podem ocorrer em qualquer outro momento. São desencadeados por fatores estressantes relacionados a baixa imunidade dos animais, como stress de transporte, superlotação, mistura de animais de diferentes idades e lotes, calor ou frio excessivo, elevada umidade relativa, instalações com ventilação deficiente, concentrações elevadas de lama, urina, poluentes e patógenos no ar, alimentação inadequada, mudanças bruscas na dieta e elevada carga parasitária.

Os fatores estressantes citados podem causar uma queda na imunidade dos animais, favorecendo o aparecimento de doenças virais (IBR, PI3 e BRSV), deixando o sistema respiratório vulnerável à multiplicação bacteriana (Pasteurella multocida e Mannheimia haemolytica) e, acarretando um quadro respiratório grave, podendo comprometer o desempenho no ganho de peso ou até mesmo levar o animal à morte. 

Estudos mostram que a incidência de doenças respiratórias em rebanhos bovinos pode girar em torno de 14,4%, com custos de tratamento dos animais doentes girando em torno de US$ 15,6 por cabeça.

Geralmente, a pneumonia se apresenta de forma aguda e a sintomatologia é bastante clara:

• Tendência ao isolamento.
• Secreções nasais.
• Focinho seco.
• Falta de apetite.
• Crepitações e sibilos pulmonares na auscultação.
• Tosse.
• Temperatura geralmente superior aos 39,5ºC.
• Espirros (principalmente na fase inicial da doença). 

Em fase mais adiantada, o animal pode apresentar rouquidão e pode haver presença de secreção nasal purulenta. 

A rapidez na realização do tratamento é crucial para sua efetividade e, consequentemente, um melhor prognóstico.

Os animais diminuem a frequência e o tempo de permanência nos bebedouros. Também reduzem em até 30% do tempo de permanência nos cochos.

Para o tratamento das enfermidades respiratórias em confinamentos, recomenda-se o uso de antibióticos de amplo espectro que tenham ação rápida e duradoura, como, por exemplo, Maxflor®.

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PROTOCOLO SUGERIDO 
Bovinos: via intramuscular profunda: administrar com intervalos de 48 horas, 2 injeções de 1 mL para cada 20 kg de peso vivo.

Deve-se salientar que outros fatores são determinantes para o sucesso do tratamento:

• Tempo para iniciá-lo (rapidez de intervenção). 
• Uso racional de antibióticos (levar em consideração a sensibilidade dos agentes ao princípio ativo e a utilização de posologia adequada).
• Conhecimento dos agentes prevalentes no rebanho.

A prevenção das doenças respiratórias pode ser realizada através do uso de vacinas que protejam o rebanho contra os principais agentes envolvidos nessas enfermidades. A vacina Bovigen ® V4J5 é a mais completa para essa finalidade pois, além de prevenir contra os agentes virais mais frequentes dos confinamentos, tais como, rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), parainfluenza bovina tipo 3 (PI3) e vírus sincicial respiratório bovino (BRSV), também protege contra as principais bactérias (Pasteurella multocida e Mannhemia haemolytica).

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2 – Clostridioses

As clostridioses causam grandes perdas econômicas na criação, pois infectam bovinos de todas as categorias e podem levá-los a óbito.

O tratamento é limitado e de custo elevado em virtude do desenvolvimento rápido da doença e ação das toxinas produzidas. A adoção de um esquema de vacinação preventivo pode minimizar essas perdas.

Os clostrídeos são bactérias extremamente resistentes. Não é possível eliminá-los das fazendas contaminadas. O que devemos fazer é controlar os níveis de infecção. A melhor forma de controle na propriedade é a adoção de medidas higiênico-sanitárias e de um programa de vacinação.

O sucesso para uma boa imunização contra as clostridioses não depende só da escolha de uma vacina eficaz e inócua, mas também da realização de um programa de vacinação eficaz no rebanho.

As principais clostridioses incidentes nos confinamento são:

2.1 – Gangrena gasosa “edema maligno”
C. septicum, C. chauvoei, C. novyi tipo A, C. sordellii e C. perfringens tipo A (Sterne & Batty, 1975).

2.2 – Carbúnculo sintomático bovino “manqueira”
C. chauvoei.

2.3 – Enterotoxemia 
C. perfringens tipo D. 
As clostridioses acima citadas apresentam alto grau de letalidade devido à alta produção de toxinas por essa classe de bactérias.

2.4 Botulismo
Clostridium botulinum tipos C e D, ocasionado pela ingestão pré-formada da toxina produzida pelo Clostridium botulinum no ambiente ou junto aos alimentos, principalmente silagens. O animal pode continuar comendo, pois tem apetite. Paralisia progressiva dos músculos da locomoção, começando pelos membros traseiros, incoordenação de movimentos e andar cambaleante, paralisia progressiva da mastigação e deglutição, paralisia da língua, psiquismo normal e paralisia respiratória também são observados.

CLOSTRISAN 11 é uma vacina completa que protege os animais contra as clostridioses prevalentes nos confinamentos, incluindo todas citadas anteriormente. A vacinação deve ser feita preferencialmente antes da entrada dos animais no confinamento, com dose de reforço.

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PROTOCOLO SUGERIDO
Dose: 5 mL por via subcutânea ou intramuscular. Primovacinação: aplicar duas doses com intervalos de 21 a 30 dias. Depois, revacinar anualmente.

3 – Problemas de casco

A principal causa de doença digital em bovinos de corte confinados é o traumatismo. O mesmo pode ocorrer devido a sodomia, disputa social, transporte, superpopulação, excesso de lama, presença de pedras, pisos com defeito e umidade, levando à fragilização do casco.

Para prevenção, recomenda-se:

• Piso antiderrapante (nem muito rugoso, que cause problemas, nem tão liso que os animais possam escorregar).
• Tratamento dos animais que têm alguma lesão de casco: recomenda-se uso de florfenicol 40% (Maxflor®)†.

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4 – Acidose ruminal e laminite

• São problemas muito comuns relacionados à mudança brusca de dieta no início do confinamento, ocorrendo, geralmente, quando animais são transportados por longo tempo e, na chegada, são colocados junto com os demais, com acesso ilimitado a comida, principalmente ração, o que pode resultar em uma acidose ruminal, precursora da laminite.
Para controle da acidose, pode-se reduzir, temporariamente, o fornecimento do concentrado e dar bicarbonato de sódio com a ração. Alguns ionóforos também auxiliam na prevenção da acidose.

5 – Sodomia

Raça e sexo: animais de origem taurina apresentam maior libido, o que, consequentemente, aumenta a sodomia.

Animais doentes e animais sodomizados (que aceitam a “monta”):

Animais doentes são mais facilmente dominados por outros e sodomizados. Por isso, devem ser afastados do lote e levados para o curral de enfermaria. Os animais sodomizados devem ser retirados do lote. Os animais que realizam a “monta”, caso estejam em menor número, devem ser apartados. É mais fácil manejar um animal que monta em outros 10 animais do que retirar os 10 que por ele são montados.

Por Giovani Pastre / Eryich O. Ara Nunes