MASTITE

A mastite é uma inflamação da glândula mamária causada por micro-organismos, geralmente bactérias, que invadem o úbere. É muito frequente em vacas leiteiras e reconhecidamente uma das doenças com maior impacto na rentabilidade da bovinocultura leiteira mundial.

Se não tratada, compromete a quantidade e a qualidade do leite e resulta no descarte precoce de animais.

 

A MASTITE REDUZ A PRODUÇÃO E ALTERA A COMPOSIÇÃO DO LEITE

Os agentes envolvidos na doença podem estar presentes no leite, tecidos intramamários e causar comprometimentos sistêmicos.

 

LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS AGENTES CAUSADORES DE MASTITES

 

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Fonte: Santos e Fonseca 2007

 

COMO PODEMOS EVITAR PERDAS COM A MASTITE?

A resposta é simples, através da implantação de programas de controle e prevenção aliados a boas práticas de manejo. Para isso devemos considerar:

1 – A sequência da linha de ordenha:

O uso do teste CMT (California Mastits Test) auxilia o produtor a diagnosticar casos de infecções subclínicas no rebanho. O mapeamento dos animais contaminados é fundamental para ajudar a determinar a sequência de ordenha, e assim evitar a disseminação da doença dentro do rebanho. Os animais jovens e sadios devem ser ordenhados primeiro. Na sequência, vacas com mastite subclínica e, por último, vacas com mastite clínica.

 

2 – Teste da caneca de fundo preto:

Em toda ordenha, o teste da caneca de fundo preto deve ser realizado com o objetivo de identificar novos casos clínicos. O ideal é manter a incidência de novos casos clínicos de mastites no rebanho abaixo de 2% ao mês, e estes, quando identificados serem tratados imediatamente.

 

3 – Correta higiene dos tetos na pré-ordenha (pré-dipping) e o uso de selante de tetos após a ordenha (pós-dipping):

A correta higiene e manejo pré e pós-ordenha são fundamentais para evitar a disseminação de patógenos contagiosos entre as vacas.

 

4 – Manutenção dos equipamentos de ordenha e aferição da pressão do vácuo:

Equipamentos defeituosos, velhos, com borrachas ressecadas, limpeza inadequada dos canos e peças da ordenhadeira e com pressão de vácuo anormal podem resultar em novos casos de mastites no rebanho.

 

5 – Tratamento de vacas na secagem: 

O tratamento de vacas na secagem garante a proteção durante o período seco e diminui os riscos de mastite na próxima lactação. Deve ser feito em todas as vacas. A maior incidência de mastite em vacas secas ocorre durante a terceira e quarta semana após a secagem.

 

6 – Eliminar vacas com infecções crônicas: 

O descarte de vacas com mastite crônica é uma maneira prática e rápida para a redução do nível de infecção existente no rebanho. As vacas com mastite crônica (vacas com infecção da glândula mamária persistente por mais de dois meses) funcionam como reservatórios de agentes causadores de mastite no rebanho, contaminando o ambiente e servindo como fonte de infecção para animais sadios.

 

7 – Tratamento imediato de todos os casos clínicos:

O tratamento dos casos clínicos deve iniciar imediatamente após a mastite ser detectada. O uso de antibióticos via intramamária é a terapia de eleição nos casos de mastite clínica, podendo ser complementado com o uso de antibióticos sistêmicos injetáveis em casos mais graves, principalmente envolvendo mastites ambientais.

TRATAMENTO E CONTROLE DAS MASTITES:

Um fator importante para o sucesso no tratamento das mastites de vacas em lactação é a rapidez. O atraso de algumas horas para o início do tratamento pode representar uma diminuição significativa na taxa de cura e alta disseminação do agente no rebanho.

 

PROTOCOLOS SUGERIDOS VIRBAC PARA O TRATAMENTO DE MASTITES CLÍNICAS

 

Mastite Grau 1 LEVE

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TRATAMENTO

Rilexine* 200: Uma bisnaga (10 mL) por quarto afetado a cada 12 horas por 2 dias.

 

Mastite Grau 2 MODERADA

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TRATAMENTO

Rilexine* 200: Uma bisnaga (10 mL) por quarto afetado a cada 12 horas por 2 dias.

Rilexine* 150 injetável: 1 mL/15-20 kg de peso vivo, a cada 12-24 horas, por 3 dias. Intramuscular.

A via intramuscular oferece uma outra rota para o antibiótico alcançar áreas infectadas mais profundas do tecido mamário.

A terapia sistêmica em combinação com intramamários produzem melhores resultados para este tipo de mastite.

 

Mastite Grau 3 GRAVE

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TRATAMENTO

Rilexine* 200: Uma bisnaga (10 mL) por quarto afetado a cada 12 horas por 2 dias.

Rilexine* 150 injetável: 1 mL / 15-20 kg de peso vivo, a cada 12-24 horas, por 3 dias. Intramuscular.

Terapias suporte com soro e Anti-inflamatório não esteroide (AINE) também podem ser indicadas nesses casos.

 

TERAPIA DA VACA SECA

 

Assim como a vaca, a glândula mamária precisa de um período de recuperação e preparação para o parto, o período seco.

Recomenda-se realizar a secagem 6-8 semanas antes do parto previsto nos animais sadios, ou em casos especiais para o tratamento de vacas com valor muito elevado de CCS e com histórico de mastites.

As principais vantagens do tratamento de vaca seca são:

 

• Não há descarte de leite;

 

• A resposta ao tratamento é muito mais efetiva, pois as concentrações de antibióticos administradas são maiores;

 

• Possibilidade de uso de antibióticos com um maior tempo de ação;

 

• Reduz a incidência de mastites clínicas no pós-parto;

 

• Prevenção de mastites crônicas;

 

• Regeneração do tecido mamário.

 

PROTOCOLO DE SECAGEM COM RILEXINE* 500
Aplicar 1 bisnaga (10 mL) por quarto, via intramamária, no momento da secagem. Tratar simultaneamente os quatro tetos mamários.

 

Rilexine* 150
Cada 100 mL contém:
Cefalexina (monohidratada). . . . . . . . 15,0 g
Veículo..........q.s.p.. . . . . . . . . . . . . 100 mL
Apresentações: Frascos contendo
100 e 250 mL. Período de carência:
Leite: 12 horas. Abate: 4 dias.

Rilexine* 200
Cada injetor de 10 mL contém:
Cefalexina. . . . . . . . . . . . . . . . . 100 mg
Neomicina . . . . . . . . . . . . . . . . .100 mg
Prednisolona . . . . . . . . . . . . . . . .10 mg
Veículo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 mL
Período de carência: 96 horas.

Rilexine* 500
Cada injetor de 10 mL contém:
Cefalexina . . . . . . . .  .250 mg
Neomicina . . . . . . . . . 250 mg
Veículo . . . . . . . . . . . . .10 mL
Período de carência:
Se o parto ocorrer antes da data
prevista, liberar o leite para o consumo
6 a 10 dias após a ultima aplicação.

 

IMPORTANTE

Um ponto fundamental para o sucesso dos tratamentos das mastites é a higiene. A introdução das cânulas das bisnagas intramamárias sem prévia desinfecção dos tetos acarreta em reintrodução de bactérias no úbere, diminuindo as chances de cura das mastites.

Para evitar infecções recidivas, desinfetar os tetos em tratamento com lenço umedecido em álcool 70% previamente a introdução da cânula. Esse manejo tem por objetivo reduzir a população bacteriana da superfície da pele do teto, e prevenir infecções ascendentes provocadas pela entrada de bactérias no canal do teto a partir da superfície da pele.

 

Referências Bibliográficas:
Richmond MH. et al. Indirect method for assessing the penetration of betalactamase-nonsusceptible Penicillins and Cephalosporins in E. coli strains. Antimicrob Agents and Chemother (1976) 10, 215-218. 
GEHRING R. et al. An overview of factors affecting the deposition of intramammary preparations used to treat bovine mastitis. J. Vet. Pharmacol. Therapie 2006; (29): 237-241.
ZIV G. Practical pharmacokinetic aspects of mastitis therapy - 3: Intramammary treatment. Veterinary Medicine 1980; 656-670.
ZIV G et al. Absorption of antibiotics of the bovine udder. J. Dairy Science 1975; 58 (11): 1637-1644.
Pengov A, Ceru S, Antibicrobial Drug Susceptibility of Staphylococcus aureus Strains Isolated from Bovine and Ovine Mammary Glands. J. Dairy Sci. 2003; 86: 3157-3163.
SANTOS, M. V.; FONSECA, L. F. L. Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314 p.
SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; BERNARDI, M. M. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. 646p. Virbac, Rilexine 200 LC clinical field trial. 1998.

 

Por Bruno Sivieri de Lima / Eryich Osvaldo Ara Nunes